terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Estranha noite embriagante e perigosa


Estive em lugares estranhos
e escuros,
caminhei pela noite sombria
e embriagada.

Esperei que o sol nascesse
e escutei o luar indo embora.
Pé ante pé
fui seguindo a aurora.
E, assim, displicente
e almejante,
olhei o céu e me vi em tudo,
me vi no nada
e no que estava ali.

Pensei em dar sentido
ao mundo que me rodeava,
mas esse mundo só andava
e me deixava sem abrigo.

Quis, então, findar a noite
num amanhecer longo,
claro e quente.
Sem sucesso, deparei-me
com as estrelas,
e a uma delas fiz um pedido:
-- Estrela, inebriante como és,
leve contigo a noite da minha vida,
traga-me o dia e o sol a brilhar!
A estrela, assim, riu de mim
e a noite toda dançava
ao som de minhas lágrimas.

Camila Castro

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

3 em 2



Mais de mim em mim mesma

E mais de nós em todas as faces.

Corpos nus postos à mesa

E ali em cima talvez ficastes.

Chega um 3, que se torna 2

E como nunca pensamos

Vem o antes e vem o depois

E assim todas nós nos amamos.

De porta em porta

A mensagem foi passada

De mais em menos

de uma simples noite passada.

No gesto gentil

E no olhar singelo,

Com seu vestido anil

E seu velho chinelo.

Se foi o número 3,

E o dois se fez concreto

Reaparece por vez,

Se faz real e esperto.

Camila Castro

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Meu primeiro amor


Delirante e delirado
te vejo sempre assim perdido
e às sombras das dúvidas arruinantes,
me vês escondida em sua estante.

Em tudo o que já fomos e sentimos
ficam em nós o que passou de um modo estranho
e apreensivo.
Lascívia, luxúria, álcool, brigas
e amor.

Tudo assim junto e misturado
no que já vivemos.
Sentimentos confusos nos rodeiam,
pessoas passam e repassam
devaneios alucinados e cheios de utopia.

Ainda assim, te vejo menino
e cheio de suas peraltices.
Parece que crescemos e somos adultos,
mas ainda somos crianças e inconsequentes.
Na veia corre a irresponsabilidade de nossas aventuras,
é isso que fica na lembrança e sempre ficará
no que foi ontem e no que vem em frente.

Sem receio ou desejo de voltar,
mas como nostalgia de ter sido o que se foi
e de ser o que se foi,
mesmo escondido e alucinado.

Deleitei-me em suas palavras e, assim,
me inspirei em dedilhar e esclarecer,
pensei em como é especial e destinado
e é assim que deve ser e que sempre será,
mesmo sem você querer.

Camila Castro

A Raul Soares

Menina dos meus olhos


Avistei, no longínquo do supremo olhar,
tudo aquilo que se foi e que será
tudo aquilo que me fez amar
e tudo aquilo que ainda fará.

E de tudo o que avistei,
um brilho no fundo do horizonte,
bem cheio de incerteza e compreensão,
fez-me balancear e sentir o coração.

Antes que nada me espante,
senti um toque doce e esperto,
um cheiro meigo e alucinante,
um pouco longe e um pouco perto.

Em mim nada vem do que vem de nós,
e os olhos mais inexplicáveis do sistema solar,
me deixaram santa e a sós e
me fizeram sempre solta e a desejar.

Tudo passa e se vai no fim,
mas o brilho dessa intensidade
ficará sempre em mim
bem aqui ou em nossa cidade.

Camila Castro