
Estive em lugares estranhos
e escuros,
caminhei pela noite sombria
e embriagada.
Esperei que o sol nascesse
e escutei o luar indo embora.
Pé ante pé
fui seguindo a aurora.
E, assim, displicente
e almejante,
olhei o céu e me vi em tudo,
me vi no nada
e no que estava ali.
Pensei em dar sentido
ao mundo que me rodeava,
mas esse mundo só andava
e me deixava sem abrigo.
Quis, então, findar a noite
num amanhecer longo,
claro e quente.
Sem sucesso, deparei-me
com as estrelas,
e a uma delas fiz um pedido:
-- Estrela, inebriante como és,
leve contigo a noite da minha vida,
traga-me o dia e o sol a brilhar!
A estrela, assim, riu de mim
e a noite toda dançava
ao som de minhas lágrimas.