
Vi, de longe, seu corpo nu,
que me esperava lindo e molhado,
olhei e olhei, de norte a sul,
e, concretizei num beijo calado.
Toquei seus cabelos curtos e cacheados,
negros e macios.
Desejos sutis e desesperados,
que, de tal forma, moviam navios.
Com minha boca, toquei sua orelha,
seu pescoço e sua nuca.
Meu corpo é o que o seu espelha,
e, disso, não esquecerei nunca.
Minhas mãos tornaram-se poucas
perto da ansiedade de teu corpo tomar,
nossas vozes estavam roucas
de tanta vontade gritar.
E, como pintura,
seu corpo pairava sob o chão,
nunca vi tão bela criatura,
bem ali, no toque de minha mão.
Olhei ressentida,
beijei com medo,
saudade ferida
de um louco desejo.
Fitei seus olhos escuros,
apertei sua pele macia,
segurei escudos,
para, assim, não acabar a magia.
Mas, como o mundo não me pertence,
voltei à realidade,
e sem rima para o começo,
apenas lembro que não esqueço
dele... do seu corpo.
Camila Castro
Nenhum comentário:
Postar um comentário